sábado, 2 de janeiro de 2010

Elaborando um Plano de Ação

Informo às/aos minhas/meus seguidoras/es que meus textos se originam das intempéries cotidianas vivenciadas por mim no ambiente escolar.

O mês de novembro, com seu excesso de feriados (aqui em Brasília também temos o dia 30, dia do Evangélico) reduz bastante a nossa produtividade laboral. Dezembro é o mês obrigatório para a elaboração de relatórios individuais e anuais de atividades, além do plano de ação para o ano que virá.

Talvez este seja um bom assunto: a elaboração do plano de ação.

As/os profissionais de Pedagogia e Licenciatura estão acostumados a trabalhar com projetos. Estes são direções de ações a serem executadas por um setor ou indivíduo de modo a suprir necessidades da escola. Professoras/es trabalham em conjunto em projetos em todos os níveis da educação. No primeiro seguimento do nível fundamental (1ª a 4ª séries), as professoras trabalham com temas durante o ano e (toda) a escola é ornamentada segundo o tema da vez. Muitas vezes, o tema relaciona-se com as festas do calendário escolar. Também costuma ocorrer o trabalho conjunto sobre um valor humano do qual as/os alunas/os demontram necessitar, como cultura da paz, solidariedade, higiene, nutrição saudável. No caso de professoras/es no segundo seguimento do ensino fundamental (5ª a 8ª séries), os docentes trabalham o mesmo assunto com enfoques particulares em cada uma das diciplinas, realizando também um trabalho multidisciplinar.

Os projetos devem conter fundamento teórico, justificativa, objetivo geral, objetivos específicos, procedimentos, cronograma de ações, material necessário para execução, parcerias possíveis. Eventos que necessitem de espaço devem indicar as soluções possíveis e documentos necessários, como autorizações de pais para passeios dos infantes, devem estar anexados.

A elaboração de um projeto em uma escola conhecida pode ser uma tarefa fácil. Os livros de Psicologia Escolar às vezes indicam direções que o trabalho pode tomar. Pesquisas também podem mostrar ações que funcionaram em outros contextos. Além disso, o estudo deve ser companheiro do prático e aqui ele servirá para fundamentar as ações propostas.

Porém, como fazer um plano de ação para uma escola nova?

Inicialmente devemos fazer um diagnóstico. Devemos ser sensíveis para expor nossas descobertas, identificar parceiros dentro da escola, estabelecer objetivos em conjunto. Entrevistas com os professores em conjunto ou individualmente, gestores, pais, auxiliares de educação, secretários orientam o trabalho e mostram como a escola funciona. Observação de recreio, entrada e saída de turnos, tempo de descanso de professores também são essenciais para a construção de uma visão da escola o mais próxima da realidade possível.

O diagnóstico não pode demorar muito devido a expectativa que um/a psicólogo/a traz para o ambiente de trabalho. Em geral, as pessoas acreditam que resolveremos todos os problemas da escola, já tratamos disso aqui (Vide O que espera a escola, 20 de julho de 2009). Muitas vezes o que acontece é que mostramos a elas questões que não percebiam ou às quais se acomodaram. Tal consciência pode ser bastante perigosa, principalmente se nos propusermos a mudar a realidade que é confortável para outros profissionais. Este é o motivo principal que nos compromete a elaborar objetivos em conjunto. Não resolver rapidamente um problema devido ao costume de trabalho de outras pessoas é algo que não se aprende teoricamente. Creio que a Psicologia Organizacional nos auxilia nesta angústia/frustração, mas a análise e construção de formas de se atuar neste terreno lodoso é muito particular e contextual (Ver Conhecimentos de Psicologia Usados em Psicologia Escolar, 18 de julho de 2000). Aqui há um imperativo para o uso da sensibilidade e delicadeza. Trata-se de uma questão de respeito à escola e seus atores agir cuidadosamente. Há um grande risco de se perder todo o trabalho. Isto já aconteceu comigo. Consulte Angústia, 9 de agosto de 2009, neste blog.

Não pode haver pressa, pois a confiança da escola em nosso trabalho é fundamental para que ele seja exequível. Assim, seis meses a um ano de pesquisa sobre o funcionamento da instituição pode ser melhor do que o impedimento do serviço.

Quanto às parcerias, devemos alertar para a construção de redes institucionais confiáveis antes de contar com profissionais para palestras, oficinas, reuniões ou estudos de casos. Antes de anunciar uma atividade todos os participantes executores devem ter confirmada a sua presença para que a segurança na figura da/o psicóloga/o não seja abalada. Também é necessário ter opções, caso haja cancelamento. Infelizmente, a atitude profissional que buscamos ter às vezes não é demonstrada por quem mais confiamos. Isto também já aconteceu comigo. (Sobre redes, veja Redes Interinstitucionais, 12 de outubro de 2009)