quarta-feira, 26 de março de 2014

Livros lidos em 2014

Não posso precisar agora qual foi a ordem em que li os livros. Talvez até faltem alguns, mas o objetivo é sempre mostrar de onde eu retiro algumas ideias que aparecem nas postagens.

AvóDezanove e o Segredo do Soviético - Ondjáki
Sim, eu li este livro de novo. Ele é uma verdadeira poesia. A resenha é a mesma exposta em 2012, mas fiquei mais emocionada desta vez.

Banquete - Platão
São Paulo: Marin Claret, 2002.
Platão transcreve a defesa que cada filósofo que esteve presente ao banquete apresenta sobre o amor.

João de Ferro: um livro sobre Homens - Robert Bly
Rio de Janeiro: Campus, 1991.
Através da análise do conto João de Ferro, Robert Bly explora com profundidade o mundo masculino. Cada uma das fases da passagem da infância a maturidade do homem é analisada e as falhas possíveis são apontadas e suas consequências indicadas.

Vozes Anoitecidas - Mia Couto
Curiosa para aprender mais sobre autores de países africanos de língua portuguesa, recebi a indicação de Mia Couto. Que grata surpresa! Mia é o mais famoso deles e eu descobri porquê.
Este livro é uma prosa poética. São contos que falam da morte, do amor torto, da incompreensão, da pobreza, da fome. Mia fala de um ser humano que não conhecemos, com profundidade e com leveza, graça, poesia.
Mia Couto precisa ser lido.
Recebi uma palestra dele e compartilho aqui.
http://www.youtube.com/watch?v=ahb9bEoNZaU
Não há o que comentar. Aproveitem!

Os transparentes - Ondjaki
São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Apaixonada por Ondjáki, adquiri esta obra. Este jovem autor angolano apresenta a vida de um grupo de moradores de um edifício abandonado no centro de Luanda. As agruras para sobreviverem, detalhes da vida angolana, o impacto da guerra prolongada são alguns dos ingredientes que compõem este lindo romance. Há um toque de fantasia também.

Cavalgando o leão: à procura do cristianismo místico - Kyriacos C. Markides
São Paulo: Pensamento, 2005.
Este livro é o mais próximo que já li de misticismo e ciência. Markides é sociólogo e estuda o misticismo.

No centro sentimos leveza: conferências e histórias - Bert Hellinger
São Paulo: Cultrix, 2006.
Bert Hellinger é o sistematizador da constelação familiar, técnica ancestral mantida pelo povo Zulu. O então padre, Hellinger, esteve por anos em missão catequizadora dos Zulus em África do Sul. Finalizou sua visita catequizado e nos brindou com este método terapêutico surpreendente.
Nesta obra, Hellinger apresenta alguns conceitos básicos da constelação familiar em conferência e os ilustra com poesias e exemplos clínicos.

As ordens da ajuda - Bert Hellinger
Nesta obra, Hellinger dispõem sobre as formas que terapeutas podem efetivamente ajudar seus clientes. Ele teoriza enquanto realiza as constelações. Assustador e intrigante, Hellinger mostra que a confusão de papéis de terapeuta e pais prejudica de forma contundente o cliente, impedindo a ajuda. Esta obra muda a forma de atendermos os nossos clientes. Obriga-nos a deixá-los independentes de nós. Isto é realmente novo.

Polar - Renato Fino
Brasília: Siglaviva, 2014
Há um carinho especial com esta leitura porque Fino é um amigo querido. Foi ao lançamento do livro e o li três dias depois.
O livro trata do abandono. Fui tomada de assalto porque, como todo ser humano, também fui abandonada. Entre abandonos e abandonamentos, Fino discorre sobre a inevitabilidade de repetirmos o que foi feito a nós. Sem parágrafos, Fino nos obriga a ler seu livro de uma só vez. Nos entristece com sua profunda tristeza, mas esta é a função do artista, nos levar com o seu sentimento.
Polar é um livro gelado.
No final do dia em que li o livro, encontrei-me com Fino e ele me perguntou se eu gostei. Eu lhe disse que o livro não é para ser apreciado. É para ser sofrido. Sim, eu sofri Polar.Escrevi um texto sobre ele no dia seguinte. Está aqui mesmo neste blog, chama-se Paternidade http://atuarpsicologiaescolar.blogspot.com.br/2014/03/paternidade.html

O caminho do touro - Léo Buscaglia
Este lindo e leve livro de Léo mostra-nos o que temos a ganhar em viagens quando nos deixamos envolver pelas pessoas. Durante várias viagens ao oriente, Léo Buscaglia aprendeu coisas suaves, doces e profundas através de diferenças culturais radicais. Lindo como tudo o que ele escreve.
Não tenho as referências editoriais porque presenteei um amigo e esqueci-me de anotar. Sinto muito.

Pai ausente, filho carente: o que aconteceu com os homens - Guy Corneau
São Paulo: Brasiliense, 1989-1993.
Esta obra complementa o João de Ferro anteriormente citado aqui. Aprofunda a análise e estende a discussão. Não sei resumí-lo e terei que relê-lo para melhor aproveitá-lo. Tem livro que suga a gente.

Os sofrimentos de Werther - Goethe
Técnoprint e Ediouro, 1774-19??
Esta obra prima inaugura minha admiração por Goethe. O livro é estudado no mundo inteiro. É um ícone do romantismo. Todas as características desta escola literária estão muito bem apresentadas em Werther: idealização do ser amado, elevação da natureza, desprezo pelos ideais sociais, elogio à vida simples, campesina, amor impossível, dor e sofrimento intangíveis, suicídio como solução aos males do amor.
Com seu estilo epistolar, Werther é exposto visceralmente ao leitor. A suavidade das primeiras cartas vão intensificando-se emocionalmente até o desfecho. A obra é de todo emotiva.
Há que ser lido em sua tradução por Ari de Mesquita que se esmerou em nos trazer a concepção mais próxima possível que Goethe a escreveu, segundo o próprio Ari. A escrita rebuscada usando termos arcaicos amplia o vocabulário extensivamente.
Essencial para quem gosta de clássicos mundiais.

Você é um de nós - Marianne Franke-Gricksch
Patos de Minas: Atman, 2002-2009
Tradução do alemão de Décio Fábio de Oliveira Júnior e Tsuyuko Jinno-Spelter.
Marianne é professora e terapeuta em Constelação Familiar. Neste livro, apresenta sua experiência usando esta técnica com sua turma na escola. Ela explica como começou a usar os "jogos familiares" com seus alunos, como os efeitos eram percebidos pelos pais, como os adolescentes esperavam para trabalhar seus problemas uma vez por semana.
O que vemos na escola é bem explicado por Marianne: ela mostra que em cada sala de aula tem bem mais gente atuando do que os olhos podem ver. Uma experiência simples pode ser transcrita para cá. Durante as provas, ela sugeria aos alunos que imaginassem os pais atrás de si, o pai à direita e a mãe à esquerda. Como os resultados foram muito melhores do que o habitual e as crianças se sentiam mais seguras, passaram a buscar mais informações e demonstrar mais interesse pelos exercícios de constelação.

A identidade - Milan Kundera
São Paulo: Companhia das Letras, 1997-1998
Tradução de Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca.
Trata-se da história de um casal e de como a relação dos dois os torna mais eles mesmos. Um aprofundamentos nas questões pessoais através do relacionamento amoroso.
Uma passagem é especialmente interessante para mim. Milan, através de sua personagem Chantal, mostra-nos a mudança do papel masculino nos nossos tempos.

O muro - Jean-Paul Sartre
São Paulo: Círculo do Livro, 1939-1990
Tradução: H. Alcântara Silveira.
Quatro contos e uma mininovela compõem este livro: O Muro, O Quarto, Erostrato, Intimidade, A Infância de um Chefe.
Os textos mostram a genialidade de Sartre. Ele nos arrasta para os sentimentos dos seus personagens insólitos. Sempre surpreendente em suas formas de ver a própria vida e encará-la de frente com suas desgraças e encantos, os personagens de Sartre nos convidam a observar experiências inusitadas.
Excelente experiência.

A filha do capitão - Alexandre S. Pushkin
Editora Tecnoprint
Tradução direta do russo: Boris Solomonov.
Pushkin descreve a revolta popular liderada brilhantemente pelo cossaco Pugatchov em 1773. Trata-se de uma novela que romanceia um fato histórico. O autor mostra seu fascínio pelo líder revoltoso, sem deixar de defender a monarquia russa.
Mais um esplêndido autor russo. E, pelo que nos conta Otto Maria Carpeaux na introdução, Pushkin é considerado o Goethe russo.

Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil - Mary Del Priori
São Paulo: Editora Planeta do Brasil
Mary Del Priori é uma das maiores historiadoras do nosso país. Além de ser super competente em sua área de atuação, ela escreve tão bem que não dá pra largar o livro. Del Priori conta a evolução das relações íntimas desde os tempos da colônia até os dias atuais. Com base em processos jurídicos, periódicos, livros médicos e jurídicos ela vai tecendo e revelando que não chegamos a este ponto de "liberdade" sexual facilmente, muito menos de uma hora para outra. É possível vislumbrar o sofrimento feminino e sua luta; a pressão masculina e seu estado atual de torpor e desnorteamento. A história da sexualidade abarca os dois gêneros e, obviamente, os gêneros que estão sendo colocados à luz agora.
Obra indispensável para os estudiosos de gênero e para os que querem entender o que se passa entre o masculino e o feminino hoje.